Prato tradicional, a feijoada apresenta também a tradição de ser servida às quartas-feiras. A história do prato começa na época da colonização, quando os portugueses trouxeram os negros africanos para serem escravos.
Dona Lucinha, dona de três restaurantes de comida mineira típica, resgatou com a ajuda da filha historiadora Márcia Clementino Nunes as origens da cozinha tradicional de Minas Gerais.
O livro "História da Arte da Cozinha Mineira por Dona Lucinha" busca a memória das primeiras misturas culinárias, quando indígenas, brancos e negros usavam a criatividade para fazer os pratos que deram origem à cozinha mineira.
A necessidade de sobreviver no sertão e nas terras intocadas obrigou os povos a descobrir novas formar de preparar a comida. Foi deste período que surgiu os temperos de urucum, o pão de queijo, os usos do fubá em doces e chás e, é claro, a feijoada.
Assim como nas outras receitas do volume, a feijoada é detalhada em todos os seus processos. Dona Lucinha aproveita para dar dicas de como deixar o prato mais saboroso e, com truques, deixá-la mais leve.
1kg de feijão-preto
500g de carne de sol
300g de costelinha de porco defumada
200g de pezinho de porco defumado
200g de rabinho de porco defumado
200g de linguiça defumada
150g de orelha de porco defumada
200g de toucinho defumado
2 xícaras (chá) de gordura de porco
10 dentes de alho amassado
2 cebolas médias
3 folhas de louro
1 xícara (chá) de suco de laranja
1 xícara (chá) de suco de limão
1 xícara (chá) de cachaça
1 colher (sopa) de cheiro verde a gosto
1 pitada de pimenta malagueta a gosto
Dois dias antes de fazer a feijoada, picar as carnes ou pertences a gosto e colocá-los de molho tendo antes o cuidado de separar a carne de sol que, por ser mais dura, deve merecer o processo à parte. Trocar a água diversas vezes; na véspera, lavar bem e escorrer. Em uma panela colocar os pertences, a cachaça, o limão e cobrir com água para aferventar por pelo menos quarenta minutos. Escorrer e verificar se ainda há excesso de sal; em caso afirmativo, aferventar mais uma vez em água nova. Reservar.
No terceiro dia, cozinhar o feijão-preto. Sendo possível, é melhor evitar a panela de pressão, para que se possa acompanhar melhor o cozimento. Quando o grão começar a amaciar, retirar do fogo e reservar. Em outra panela, aquecer a gordura e fritar levemente os pertences, escorrer e reservar. Picar o toucinho em cubos e lavar em água fervente. Escorrer, fritar e reservar.
Em uma panela ampla, colocar meia concha de gordura, aquecer e juntar o alho e a cebola picados; deixar alourar, acrescentar o feijão, os pertences, as folhas de louro. Deixar cozinhar tudo, mexer vez ou outra e acrescentar água sempre que necessário. Acertar o tempero. Usar sal, se precisar. Por fim, retirar as folhas de louro; acrescentar o suco de laranja, pimenta e cheiro-verde a gosto.
A feijoada conquistou, com justa razão, o lugar de "prato da preferência nacional"; Frequentemente é vista como extremamente pesada. Porém, com o uso da laranja, do pouco sal e da pouca gordura, aliviada pela cachaça e pelo limão, pode-se livrar a feijoada dos seus tabus. Basta usar estas regras primitivas no seu preparo.