por Vânia Lobo
Os romanos faziam vinhos a partir das folhas de violeta. O rei Carlos 2º, da Inglaterra do século 18, adorava pastilhas aromatizadas com a mesma flor. Durante a 2ª Guerra Mundial, na Holanda ocupada pelos nazistas, a carência de alimentos levou ao consumo de tulipas. Curiosidades como essas sobre o uso de flores na alimentação dão sabor ao livro "Entre o Jardim e a Horta - As Flores que Vão para a Mesa" (Editora Senac São Paulo, R$ 40), escrito pelo botânico Gil Felippe, professor aposentado da Unicamp e PhD em fisiologia vegetal pela Universidade de Edimburgo, na Escócia.
Após muitos anos de dedicação ao ofício de cultivar e estudar as flores, Felippe viu no uso delas na gastronomia "uma outra forma de ensinar um pouco mais de botânica". Assim, coletou receitas que aprendeu entre jardins, estufas e panelas, principalmente durante os anos em que viveu no Reino Unido.
Flores são ingredientes delicados, altamente decorativos e que acabam se ressaltando em receitas mais simples de saladas, sopas, sanduíches, refrescos, sobremesas leves. O autor aposta nessa fórmula e sugere pratos atraentes, mas sem grandes pretensões na elaboração. Confira a receita de alada de arroz com calêndula:
250g de arroz
60 pétalas de calêndula (dica: Ou margarida-dourada ou ainda "açafrão-dos-pobres", tem sabor que lembra - limão. Serve para colorir os pratos.)
200g de ervilhas frescas cozidas
30ml de azeite
30ml de vinagre
Pimenta-do-reino a gosto
10 folhas de hortelã picadas
Cozinhe o arroz com 50 pétalas de calêndula em água e um pouco de sal. Misture o arroz pronto (ele fica amarelo) e frio com as ervilhas. Tempere com o azeite, o vinagre, o sal e a pimenta-do-reino. Pique as dez pétalas restantes, junte com as folhas de hortelã e misture com o arroz.
Publicado na Revista da Folha em 09/11/2003.