O livro "Vie de France" , da Publifolha, ensina como preparar um jantar completo.
O volume mostra como a culinária francesa encantou um chef americano e como os pratos foram desenvolvidos. Os personagens são os próprios amigos e a família do cozinheiro.
3 frangos cortados ao meio, longitudinalmente
azeite
ervas da Provença
alho
sal
pimenta-do-reino
4 tomates maduros
1 pimentão vermelho
1 pimentão amarelo
1 cebola grande
1/2 garrafa de vinho branco
1 porção de macarrão gravatinha
molho de galinha que sobrar
manjericão fresco
parmesão.
225g de manteiga
2 xícaras de farinha de trigo
3 colheres (sopa) de água Perrier geladíssima
1 ovo
1 1/2 xícaras de açúcar
3 pêssegos
3 peras
2 colheres de curry
1/2 xícara de suco de laranja
6 ovos
1/4 xícara de manteiga derretida
Frango assado com ervas
Massa com molho de vinho branco e pimentão
Torta de pêssego e pêra com creme de laranja ao curry
Cortei três frangos ao meio, longitudinalmente, e os esfreguei com uma mistura de azeite, ervas da Provença, alho, sal e boa quantidade de pimenta-do-reino. Depois de ajeitá-los numa assadeira de cerâmica, coloquei-os no forno a 230 graus e deixei-os dourar de 15 a 20 minutos.
Enquanto os frangos assavam, piquei quatro tomates maduros, um pimentão vermelho, um amarelo e uma cebola grande e espalhei tudo sobre os frangos dourados com meia garrafa de vinho branco, tampei a assadeira e a pus de volta no forno, baixando a temperatura para 190 graus, para assar por cerca de uma hora mais. Depois que os frangos estavam assados, passei-as para uma travessa, cozinhei o suficiente de macarrão gravatinha para todos nós e despejei tudo no molho de galinha que havia sobrado, com manjericão fresco e parmesão.
Para a sobremesa, preparei uma torta de pêssegos e peras ao curry.
A massa foi feita com 225 gramas de manteiga, duas xícaras e mais um tantinho de farinha, três colheres de sopa de água Perrier geladíssima, um ovo e um punhado de açúcar. Misturei tudo no processador, e mais uma vez não abri a massa, mas a espalhei com a mão por toda a fôrma. Descasquei e fatiei os pêssegos e as peras e alternei as fatias na massa até cobri-la. Creio que usei três pêssegos e três peras.
Depois fiz uma mistura de uma xícara de açúcar, duas colheres de curry, meia xícara de suco de laranja, seis ovos e um quarto de xícara de manteiga derretida e espalhei sobre as frutas. Assei a 160 graus por cerca de uma hora. O que saiu do forno foi uma torta recheada de frutas adocicadas sobre um creme de laranja com leve sabor de curry. Quando cortamos a torta, ainda estava quente, e acabamos com ela na hora.
Após o jantar, Jack e eu fomos dar uma volta de bicicleta. Atravessamos a vila até a ponte onde ficava o café La Marina, passamos e nos dirigimos para o sul, seguindo o rio. As casas junto à estrada eram lindas. Todas feitas de pedra, a maioria construída centenas de anos antes, mas mesmo as que eram relativamente novas, erguidas neste século ou talvez nesta década, harmonizavam-se com a vizinhança. Nada destoava.
Uma senhora que usava um enorme chapéu de palha amarrado com um xale cortava lavandas e rosas dentro do seu jardim murado e as colocava numa cesta sob o braço. Ela me lembrou uma ilustração num livro da Mamãe Ganso que eu tinha quando era criança, e dei-lhe um "bonjour, madame" ao passarmos. Ela sorriu e respondeu: "Bonjour, monsieur".
Estar longe de tudo que você conhece, até mesmo do idioma, dos telefones, do horário de trabalho, da televisão, dos jornais e da rotina diária, dava muito mais liberdade do que eu poderia ter imaginado.
A liberdade fazia-me sentir mais jovem, não no sentido de menos idade, mas no sentido de ter mais expectativas de um futuro promissor. Acho que todos que conseguem livrar-se da rotina e lançar-se ao desconhecido têm essa sensação. Só é preciso pôr os planos em prática. É como cozinhar. Depois de aquecida a panela, tudo que se tem de fazer é colocar algo lá dentro para que isso se torne uma refeição. Quanto mais você colocar, mais se afeiçoará, e a refeição logo se transformará em banquete. Ia pensando nisso enquanto pedalávamos para mais longe na zona rural.
Sou de uma família de avós e tias-avós que eram incríveis cozinheiras. Simples e diretas, com uma culinária de sal e pimenta tanto do lado polonês quanto do escocês, inglês e alemão. Essas mulheres sempre me deixaram à vontade na cozinha - para 'lamber um prato', cortar uma cebola, pingar massa de biscoito na assadeira ou mexer as panelas. Aprendi a fazer macarrão aos cinco anos, mas só fui comer suflê aos 23. Ensinaram-me a fazer mingau aos seis, mas só experimentei lagosta aos 25. Na quinta série, eu comprava mistura de bolo e adicionava todo tipo de coisa só para ver o que aconteceria: refresco em pó de uva numa mistura de pão-de-ló com sabor de amêndoa, ou geléia de morango em vez de açúcar num bolo de chocolate, ou suco de laranja em brownies. Mesmo naquela idade, eu simplesmente adorava comida e culinária e entendia disso.
No primeiro dia em que entrei na cozinha do meu restaurante, eu tinha um conhecimento inato dos ingredientes, das quantidades, da temperatura e de como acrescentar coisas diferentes às comidas corriqueiras para criar algo novo. Talvez isso tenha relação com o fato de eu haver crescido numa família operária nos anos 40, durante a guerra, observando minha mãe 'esticar' a sopa, transformar batatas que sobravam em panquecas, jamais jogando nada no lixo, mas reutilizando tudo até produzir um cozido, ou um arroz à espanhola, ou uma mistura, obtendo um sabor inédito com toda e qualquer sobra. É uma arte em extinção. Mais que tudo, eu entendo de sabor. Esse é realmente o segredo. Se é comida, mas o gosto não é bom, de que adianta?
Para mim, a comida, e não a música, é a língua universal. Você não precisa entender a língua de uma pessoa para entender o que ela está cozinhando. Uma noite, vi pela TV francesa dois chefs que preparavam patê de foie gras e, mesmo sem compreender uma palavra do que diziam, entendi perfeitamente tudo que faziam. Senti-me ligado à cultura culinária e alimentar deles. Não como estrangeiro, alguém que não faça parte da elite especializada, mas como colega cuisinier.
Já que nunca realizei minha ambição juvenil de seguir uma carreira séria de escritor ou dramaturgo, tive de encarar os livros de culinária como uma arte da escrita menos nobre. Mas aqui, nessa terra de comidas maravilhosas e culinária excepcional, inesperadamente me dei conta de que eu queria mesmo era escrever sobre comida. A culinária é, como dizem os franceses, o meu métier.