ROBERTO DE OLIVEIRA
Oscar Wilde e Paul Verlaine escreveram em seu louvor. Era a bebida predileta de Eça de Queiroz, Rimbaud e Ernest Hemingway. Picasso teria pintado sob seu suposto efeito alucinógeno, o mesmo que, reza a lenda, teria levado Van Gogh a cortar a orelha, após uma briga com Paul Gauguin.
De elixir para combater os males do estômago no final do século 18 a fonte de inspiração artística, o absinto é uma das bebidas mais reverenciadas na cultura ocidental. Ganhou fama e uma legião de admiradores ilustres (principalmente no auge da belle époque), que atribuíam à bebida sensação de êxtase e efeitos alucinógenos.
É um destilado pouco amargo, de alta concentração alcoólica e coloração verde, caraterísticas que lhe renderam o apelido de fada verde. O filme "Moulin Rouge - Amor em Vermelho" brinca com o apelido numa cena em que o personagem de Ewan McGregor experimenta a bebida.
Inventado na Suíça pelo médico francês Pierre Ordinaire, o absinto começou a ser vendido como bebida em 1795, em Paris. A má reputação fez com que a França proibisse sua fabricação e venda em 1915, medida seguida por outros países. A alegação era a de que o licor provocava alucinações e prejudicava o sistema nervoso.
No Brasil, a venda estava proibida desde 1935 (governo Getúlio Vargas), mas foi liberada no final do ano passado, com teor reduzido: no máximo 54%, contra os 70% do passado. Também baixou a dosagem dos componentes, uma mistura de ervas, entre elas o anis e a Artemisia absinthium, planta usada como medicamento desde a Antiguidade.
Mas ficou o charme. O absinto pode ser consumido puro, com ou sem açúcar. Muitos preferem usá-lo como ingrediente em coquetéis, com sucos de fruta ou misturado com bourbon (uísque à base de milho) e até champanhe.
Nas prateleiras, o consumidor ainda pode encontrar dois absintos nacionais: o pioneiro Camargo, com 54% de graduação alcoólica, e o Lautrec (50%), da Dubar, que tem esse nome em homenagem ao artista plástico Toulouse Lautrec, outro amante de absinto que chegava a carregá-lo em uma ampola dentro da bengala.
Seja qual for a sua escolha, uma coisa é certa: o absinto deve ser apreciado com moderação.
Agradecimento: Moacir Ferreira, barman.
Puro
Camargo (Brasil)
700 ml
Graduação: 54%
Lautrec (Brasil)
670 ml
Graduação: 50%
Neto Costa (Portugal)
700 mil
Graduação: 53,5%
3 doses de absinto
1 colher de creme de cassis
1 copo (americano) de soda (para completar)
1 fatia de limão
1 bola de sorvete de creme
1 dose de Amarula
3 colheres (chá) de creme de menta
1 porção de gelo
2 colheres (sopa) de abacaxi picado
6 folhas de hortelã fresca
3 colheres (chá) de açúcar
Degas
Preparo:
Num copo de drinque longo, coloque gelo moído e despeje lentamente uma dose de absinto com um torrão de açúcar e creme de cassis. Complete com soda limonada. Decore com uma fatia de limão.
Louvre
Preparo:
Bata todos os ingredientes na coqueteleira. Sirva em um copo longo.
Rimbaud
Preparo:
Em um copo, coloque o abacaxi picado, as folhas de hortelã e o açúcar. Amasse lentamente, acrescentando aos poucos gelo picado e a parte de absinto.