Paulistanos estão descobrindo a grapa, a aguardente de uva consumida como digestivo
ROBERTO DE OLIVEIRA
Para suportar o frio intenso, os camponeses que trabalhavam aos pés dos Alpes italianos e nas planícies abaixo de Veneza contavam com um forte aliado: uma aguardente de uva barata e de alta graduação alcoólica conhecida como grapa. Cerca de 200 anos depois, é o destilado mais famoso da Itália.
No Brasil, a bebida começou colecionando adeptos entre os frequentadores de alguns restaurantes mais sofisticados, mas aos poucos vem ganhando apreciadores em outros locais. A loja de bebidas Vinho & Cia., por exemplo, registrou um aumento de 20% no volume de importação nos últimos três meses.
"Há tempos, a grapa deixou de ser somente uma bebida rústica e ganhou um certo requinte, ao lado do conhaque francês e do malte escocês", conta o enófilo e gourmet Ennio Federico.
Não sem razão, a bebida é também conhecida pelo nome de bagaceira. Sua matéria-prima é o bagaço da uva usada para fazer a mais nobre das bebidas italianas, o vinho. Logo depois que vinho e bagaço se separam, cascas, polpas e sementes remanescentes da prensagem são submetidas a um processo de destilação a vapor em pequenos alambiques de cobre, por um período entre três e seis horas.
O resultado é uma bebida forte e seu teor alcoólico varia de 40% a 50%, semelhante ao da cachaça brasileira e transparente, que na Itália costuma ser misturada ao café ou servida como digestivo. Aqui, em geral, é degustada pura, em pequenos cálices, em temperatura ambiente.
A grapa italiana traz no rótulo a variedade de uva usada na elaboração da bebida, seguindo o critério adotado para os vinhos. As mais sofisticadas são "nebbiolo", "barbera", "sangiovese", "arneis", "moscato" (uma das preferidas, por causa do perfume), "brunello" e "picolit".
"A classificação colaborou no processo de modernização da bebida, ao lado do investimento feito para melhorar esteticamente os frascos", conta Federico. As garrafas, de diferentes formatos (obeliscos, pirâmides) e tamanhos, tornaram-se um atrativo à parte e são disputadas por colecionadores. O preço das marcas italianas disponíveis no mercado variam de pouco mais de R$ 40 até R$ 200.
Mas a grapa não é exclusividade dos vinhedos italianos. A produção de Portugal, onde é chamada de bagaceira e da França, onde é conhecida como marc, também estão por aqui.
No Brasil, a bebida mantém o nome italiano, principalmente no Sul, mas também se usa o termo bagaceira. A nacional Canei, por exemplo, é produzida na região de São Roque, em um alambique importado de Portugal.
As grapas
Fantinel Barone Rosso
700 ml
Graduação: 41%
Bianca Lis Radris
700 ml
Graduação: 41 %
Fantinel Monte Cristo
700 ml
Graduação: 41%
Di Brunello - Val di Suga
500 ml
Graduação: 45%
Rossi d'Aslago Chardonnay Neve
500 ml
Graduação: 40%
2 doses de grapa
3 colheres (chá) de licor de kiwi
3 colheres (chá) de Curaçao Blue
1 dose de suco de abacaxi
10ml de champanhe para completar
1 colher (chá) de Malibu
2 colheres (chá) de suco de laranja
1 porção de morangos frescos batidos
5 gotas de groselha
Atlantic
1 dose de grapa
3 colheres de chá de licor de kiwi
3 colheres de chá de Curaçao Blue
1 dose de suco de abacaxi
10 ml de champanhe para completar
Preparo:
Coloque todos os ingredientes, menos o champanhe, em uma coqueteleira com gelo. Bata bem. Complete com o champanhe. Decore com rodela de kiwi, cereja e folha de hortelã.
Ocean Red
1 dose de grapa
1 colher de chá de Malibu
2 colheres de chá de suco de laranja
1 porção de morangos frescos batidos
5 gotas de groselha
Preparo:
Coloque a grapa, o Malibu e o suco de laranja em uma coqueteleira. Despeje a mistura para o copo. Bata o morango no liquidificador. Complete o copo adicionando a groselha em seguida. Decore com laranja, cereja e canudo.